sexta-feira, 30 de abril de 2021

Inaugurado interurbano em Cuiabá







Foi festivamente inaugurado  em 30 de abril de 1967, o serviço interurbano de Cuiabá, com investimento de NCr$ 200.000.000,00 da Teleoste, concessionária da telefonia no Estado, Companhia Telefônica do Estado e governo de Mato Grosso. O evento ganhou as manchetes dos jornais e recebeu status de fato histórico:

Depois de longa espera, finalmente inaugura-se hoje o serviço telefônico de interurbano de Cuiabá. A TELEOESTE é a responsável pela iniciativa de ligar Cuiabá com o resto do Brasil e do mundo. A capital de Mato Grosso deixa de ser a partir de hoje uma cidade isolada por esse moderno meio de comunicação que é o serviço telefônico interurbano. Uma comitiva de ilustres personalidades estará presente hoje às solenidades de inauguração da TELEOESTE em Cuiabá.

À frente o empresário Humberto Neder, diretor-presidente da Teleoeste, a solenidade de lançamento do serviço contou com a presença de toda a alta direção da empresa, autoridades locais, convidados do Rio de Janeiro e São Paulo, do governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian e de Plínio Barbosa Martins, prefeito de Campo Grande.


FONTE: Jornal Tribuna Liberal, (Cuiabá) 30 de abril de 1967.
 
 

terça-feira, 27 de abril de 2021

Garcia Neto: libelo contra a divisão de Mato Grosso







O governador de Mato Grosso, José Garcia Neto (foto) encaminha ao general Ernesto Geisel, presidente da República, em  27 de abril de 1977,  suas razões contrárias à criação do Estado de Mato Grosso do Sul:

Mato Grosso, a despeito de suas dimensões, que muitos consideravam, no passado, o seu grande infortúnio, é hoje um Estado consolidado e satisfatoriamente integrado pelos meios modernos de transporte e comunicação, mantendo o Governo sob seu efetivo controle as instituições econômicas, sociais e políticas. Suas receitas correntes são maiores que as despesas correntes, o que não ocorre com algumas unidades da Federação.

Dividir Mato Grosso seria, a meu ver, transformar um Estado financeira e economicamente consolidado em duas unidades inviáveis, que não teriam sequer condições de atender às exigências das resoluções 62 e 93 do Senado Federal, quanto à capacidade de endividamento. Contrariaria, ainda, no meu entender, a tese vitoriosa no mundo inteiro das fusões, que visam diminuir as despesas administrativas, do que são exemplos o Mercado Comum Europeu e o Comecon, já não falando da própria experiência brasileira da fusão dos Estados do Rio e da Guanabara e de nossa adiantada legislação incentivando a fusão das empresas privadas que deflagrou um processo de associação a que aderiram numerosas organizações, entre as quais as instituições de crédito de mais de um século.


O desequilíbrio financeiro que a Divisão de Mato Grosso provocaria, geraria problemas de tal monta que o governo federal teria, para solucioná-los, que carrear grandes recursos para custeio da administração dos dois Estados, os quais somariam, no primeiro ano, cerca de 380 milhões de cruzeiros, a preços de 1977, quando neste mesmo ano o orçamento de Mato Grosso apresenta superávit de 70 milhões de cruzeiros, entre as receitas correntes e as despesas obrigatórias, inclusive amortização de dívidas".

 



FONTE: Pedro Valle, A divisão de Mato Grosso, Royal Court, Brasília, 1996, página 41.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

República de Mato Grosso: crescem os rumores de independência





Crescem os rumores da proclamação da República Transatlântica de Mato Grosso, feita por militares de Corumbá, resultante da golpe militar de 1892, que destituiu o governador Manoel Murtinho. O Jornal do Commercio, do Rio, transcreve notícia de jornal La Prensa da Argentina, de 26 de abril de 1892, com o seguinte teor:

"O Rápido, que entrou no porto de Assunção as 7 horas da manhã de hoje, foi portador das mais graves do estado brasileiro de Mato Grosso.

Este paquete brasileiro havia saído há poucos dias deste porto em sua carreira ordinária até Corumbá. Chegando à vila Conceição encontrou-se o seu comandante com oito oficiais da armada brasileira, que o informaram de que vieram a bordo do vaporzinho Rio Verde até este porto, por terem resolvido não aderir à revolução. Estes oficiais chegaram hoje a Assunção a bordo do Rápido.

Estivemos esta tarde com o general Ewbank, nomeado presidente de Mato Grosso, em cuja presença deram-nos aqueles oficiais as notícias que transmitimos a nossos leitores.

Já se conhecia a decisão do povo de Corumbá de impedir que o general Ewbank tomasse posse da presidência, e que o coronel João da Silva Barbosa havia sido eleito para encarregar-se provisoriamente da direção dos negócios militares.

Posteriormente operou-se o regresso do general Ewbank a Assunção, do que também se teve oportunamente, conhecimento nesta capital.


O exército e a armada fazendo causa comum com o povo, depois de se recusarem a receber o general Ewbank, declararam-se agora nação independente, separando-se completamente da União Federal do Brasil.

O coronel Barbosa assumiu o comando do exército e da armada. Esta compõe-se do monitor Piauhy e das canhoneiras Fernandes Vieira e Iniciadora, sob as ordens imediatas do capitão-tenente Francisco Vieira que achava-se há pouco em Assunção.

Tanto a armada como o exército estão animadíssimos e dispostos a repelir qualquer força mandada pelo governo do Rio de Janeiro.

Mato Grosso constitui-se em República unitária e indivisível, adotando para sua bandeira as cores branca, azul e verde e uma estrela amarela. O Rio Verde já trazia esta nova bandeira.

Observa-se grande vigilância pelos navios do capitão Vieira, desde o rio Apa.

O arsenal de Ladário foi tomado pelo revolução.

Diamantino estava disposto a seguir viagem hoje mesmo para Montevideo, levando os oito oficiais que transmitiram pelo telégrafo uruguaio estas notícias para o Rio de Janeiro.

O general prolongará a sua permanência em Assunção a espera dos resultados".

Dissidência entre os rebeldes frustrou o projeto de independência, sem dar tempo de Mato Grosso se transformar em república unitária. 


FONTE: Jornal do Commercio (RJ), 5 de maio de 1892.

domingo, 25 de abril de 2021

Camara rejeita emenda das Diretas Já!

 







Derrotada em 25 de abril de 1984, na Câmara dos Deputados a emenda do deputado Dante do Oliveira (PMDB/MT) que restabelecia as eleição direta para presidente da República. Da bancada de Mato Grosso votaram a favor os deputados Dante de Oliveira, Gilson de Barros, Márcio Lacerda e Milton Figueiredo (PMDB) e votaram contra os deputados Bento Porto, Ladislau Cristino Cortes e Maçao Tadano (PDS) e de Mato Grosso do Sul votaram a favor os deputados: Albino Coimbra (PDS), Harry Amorim Costa, Plínio Barbosa Martins, Ruben Figueiró (PMDB), Saulo Queiroz (PDS) e Sergio Cruz (PMDB). Votou contra o deputado Ubaldo Barém e não compareceu para votar, Levy Dias, ambos do PDS.,



FONTE: Congresso Nacional.

sábado, 24 de abril de 2021

Assassinado juiz de direito em Corumbá

 










Vítima de atentado à bala, ocorrido dois dias antes, morre eu sua casa, a 24 de abril de 1927, o juiz de Corumbá, Barnabé Gondim. O homicídio teve grande repercussão no Estado. Um dia antes de seu falecimento, o jornal A Cidade, de Corumbá, dá detalhes do atentado e da luta dos médicos para salvar a vida do magistrado:


Causou grande mágoa no seio da sociedade corumbaense, o atentado do qual foi vítima, anteontem (dia 21), o Exmo. Sr. Dr. Bernabé A. Gondim, estimado Juiz de Direito desta comarca.

Eram 16 e meia horas, mais ou menos, daquele dia, quando o dr. Gondim, estando em sua residência, presencia a entrada ali de uma pessoa desconhecida que acabava de chegar de automóvel.

Depois de algumas palavrar, tenta essa pessoa conduzi-lo apressadamente para o veículo com o intuito, certamente, de sequestra-lo ao que o M.M. juiz procurou resistir.

Entrementes uma criança que presenciava os últimos momentos da contenda, foi-se assustada para o interior da casa, levando ao conhecimento das pessoas que lá se achavam, aquele fato que acabava de assistir. Antes porém que alguém chegasse ao local, ouviram-se três tiros consecutivos, dois dos quais atingiram a pessoa do dr. Gondim, nas seguintes posições: 1° projetil – um ferimento na face anterior do terço superior do antebraço esquerdo, cujo projetil se acha na face posterior logo abaixo da pele; 2° projetil – um ferimento na região escapular direita, (orifício de entrada). Um outro no bordo esquerdo do externo no 2° espaço intercostal (orifício de saída). Este ferimento lesou o pulmão direito o qual apresenta um grande hematorax (derrame de sangue); um ferimento do bordo interno da mão entre o polegar e o index, outro no bordo interno, (orifício de saída da bala) que fraturou os metacarpianos na sua trajetória; - este ferimento deu-se com o mesmo projetil que perfurou o tórax.

O desconhecido que não chegou a ser visto pelas demais pessoas da casa do dr. Gondim, tão logo disparou a última bala, tomou o automóvel em que veio e fugiu apressadamente.

Prontos recursos médicos foram dispensados pelo dr. Nicolau Fragelli, que casualmente se achava no interior da residência do ofendido, prestando os seus serviços profissionais a um doente. Não se fez tardar para que também chegassem os drs. Gastão de Oliveira, João Leite de Barros e Cap. dr. Francisco de Oliveira, os quais prestaram espontaneamente os seus valiosos serviços.

Durante o resto da tarde daquele dia, esteve completamente repleta a casa do dr. Bernabé Gondim, de grande número de pessoas de todas as classes sociais que lhe foram visitar.1

O dr. Gondim, mesmo diante de todos os esforços dos médicos para salvar-lhe a vida, não resistiu. Sua morte foi lamentada em todo o Estado:

Vítima de bárbaro e covarde atentado, desapareceu do mundo dos vivos, a 24 de abril p. passado, em Corumbá, o ilustre dr.Bernabé Gondim, juiz de Direito daquela comarca.

Conforme telegramas enviados daquela procedência às nossas autoridades e imprensa, foi alvejado o dr. Gondim a 21 do referido mês, por três tiros, em sua própria residência pelo indivíduo de nome Antonio Malheiros, pronunciado por aquele magistrado, por crime de homicídio, praticado no ano passado, na pessoa do açougueiro Dutra.

O facínora que andava foragido desde que praticara aquele assassinato, viera após a respectiva pronúncia, a cavalo até Ladário, deixando ali a sua montada, tomou um auto e dirigindo-se à casa de residência do dr. Gondim, desfechou-lhe 3 tiros, fugindo, em seguida à toda força no mesmo auto e, retomando o seu cavalo, em Ladário, ganhou o rumo das suas terras, perseguido por forte escolta da força pública.

Impotentes foram todos os recursos da ciência para salvarem o dr. Gondim, que veio a falecer no dia 24, pelas 17 horas.

Com justa razão abalou toda a nossa sociedade que de perto conhecia o juiz de Direito de Corumbá.

Por haver pronunciado um criminoso por crime de morte perdeu a vida. É uma vítima do cumprimento do dever.

Era incontestavelmente um bom o dr. Gondim; incapaz de ofender ou melindrar a ninguém, incapaz da menor violência como bem o demonstrou durante o período de 4 anos em que ocupou o cargo de chefe de polícia do Estado e por isso, a ninguém poderia ser dado imaginar que viria cair como caiu, vítima do braço homicida.


Pai de família exemplar como sempre foi notado, deixa viúva e filhos menores na mais cruel desolação.


Registrando esse triste acontecimento acompanharemos a ação da justiça que com fundas razões antevemos se fará sentir enérgica para com o bárbaro criminoso, desafrontando assim não só a sociedade corumbaense mas toda a mato-grossense de um agravo como esse de profunda a tristíssima repercussão.¹

PRISÃO DO CRIMINOSO - Notícia do Jornal do Comércio (Campo Grande) de 13 de julho de 1927, informa que foram presos, "domingo último em Porto Guarani, o bandido Antonio Malheiros, seu irmão Luis Malheiros e os seus comparsas Antonio Pereira e Guilherme Pereira, sendo o primeiro autor do bárbaro crime da morte do íntegro juiz, dr. Bernabé Gondim".²

Em 28 de janeiro de 1942, Antonio Malheiros foi morto em confronto com a polícia, em sua fazenda no município de Bela Vista.


FONTE1Jornal A Notícia (Três Lagoas) 28 de abril de 1927, transcrição de A Cidade (Corumbá) 2Jornal A Cruz (Cuiabá), 1° de maio de 1927.

FOTO: Reprodução de editorial do Jornal do Comercio (Campo Grande), 25 de abril de 1927.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Guerra do Paraguai: a invasão de Coxim

 



A vila de Coxim no tempo da guerra em desenho de Taunay



No seu apogeu, como entreposto do comércio com os goianos, Coxim interrompe abruptamente seu ciclo de crescimento econômico, com a invasão de Mato Grosso, em 24 de abril de 1865 pelo exército do general Solano Lopez. A cidade foi ocupada por cerca de um ano por forças inimigas, que abandonaram a vila em 1866 com a aproximação da coluna de São Paulo, Minas e Goiás.

Conta Ronan Garcia da Silveira que “no momento em que aconteceu aquela invasão, provocando o pânico, ocorreram fugas de moradores, diante da presença dos paraguaios que, ao dominarem a região, estabeleceram o seu quartel general no lugar denominado fazenda São Pedro.


Relata a literatura referente ao episódio, que a notícia da invasão foi levada a Cuiabá pelo cidadão Antonio Theodoro de Carvalho, morador na região, que chegou à capital da província no dia 8 de maio de 1866, ou seja, treze meses após a invasão".¹


Sobre a localidade depõe Taunay, que por lá passou em 1865, como membro da comissão de engenheiros da força expedicionária brasileira que se dirigia à fronteira prestou o seguinte depoimento:

"Antes da guerra este lugar, colonizado por gente de Mato Grosso, foi-se desenvolvendo com alguma lentidão. Entretanto nas vizinhanças estabeleceram-se vários mineiros que cultivavam com bom resultado as suas terras. Entre esses citaremos o Sr. João Theodoro de Carvalho. As poucas casas da colônia foram queimadas pelos paraguaios que chegaram ali no mês de abril de 1865 e não puderam ir além se não umas sete léguas, porque a cavalhada ia-lhes morrendo toda. Depois estabeleceu-se a nossa expedição e dela ficaram não só ranchos, como até algumas moradas boas e um grande depósito. Gente  afluiu para aí e constituiu então uma espécie de povoação".

O autor de Retirada da Leguna informa ainda que em toda a linha onde fora levantado o acampamento militar "está compreendido o lugar chamado Coxim e que fora destinado pelo governo imperial para o estabelecimento da colônia militar de Taquari ou Beliago".²

Sobre a invasão a Coxim, El Semanário, orgão da imprensa oficial do governo paraguaio, em sua edição de 3 de junho de 1865, dá a seguinte notícia:

"Nuestras fuerzas del Norte siguen en buen estado, y son señores de la frontera de Alto Paraguay, y sus afluentes,así como de todos los pontos tomados al enemigo que conoce el público.

De nuevo tenemos que dar cuenta de que nuestros soldados van poco a poco ganando terreno en Matto Grosso.

Una partida que despachó em Sor, Coronel Resquin al mando del capitan Ciudadano Juan Batista Agüero llegó el 24 de Abril a la colônia de Coxim a la derecha del Rio Taquari, despues de una marcha de mas de 70 leguas en la mayor parte por pantanales y cordilleras.

Tuvieron que atravezar a pié 22 léguas de esteros que hay desde el Rio Negro hasta cerca del arroyo Piuba.

La colonia se encontró desocupada de guarnicion: sus habitantes la habian abandonado como seis a ocho dias antes, a escepcion de 4 indivíduos que huyeron a la vista de nuestras tropas.

Los papeles tomados hemos publicado em el último número del Semanário: de mas se ve claramente que el Gobierno brasileiro tomaba sumo interes de reducir a los índios de la tribu de Caiapó, indígenas de las vertientes de los rios Coxim y Tacuari para aumentar con ellos las poblaciones, segun han hecho por nuestros mismos indigenas de Terecañi (Villa de Ygatimi), a quienes atrayendo en sus promesas les hizo poblar el Carguataticora a la derecha de la desembocadura de nuestro rio Ybeneima, o Ygurei el el Paraná, locual consta de declaraciones de indios tomados en el Brilante". 

Da invasão da vila, documento raro, carta publicada por um jornal carioca, de um comerciante que conseguiu escapar, deixando tudo para trás, inclusive a roupa do corpo:

A 24 de abril do corrente ano, pelas 6 horas da manhã, ao erguer-me do leito e abrir a porta de minha casa de negócio, que se acha situada na barranca do rio Taquari, à margem direita, (em o núcleo colonial de Coxim), avistei na margem oposta grande número de soldados paraguaios, e que gritavam-me lhes levasse uma canoa; à minha relutância sucedeu atirarem-se ao rio uma porção de lanceiros a cavalo, e após um chuveiro de balas foram arremessadas sucessivamente sobre minha morada, que me obrigaram a correr com o único fato com que me tinha erguido da cama, sem ter tempo tomar nem ao menos o chapéu, deixando em poder desses inimigos desleais minha casa de negócio que possuia, além de um bom fundo de negócio de ferragens, louça, molhados,  alqueires de sal, perto de quarenta arrobas de café e muitos gêneros alimentícios; ficou em duas canastras 4:000$ em dinheiro, sendo 3:200$ em notas e 800$ em prata; mais 60$ na gaveta da mesa em que eu escrevia. Várias letras de não pouca importância, borradores onde se achavam bem avultadas somas, uma igarité nova na importância de 2:000$, trinta e tantas rezes, etc.

Assim eu que já possuia alguns meios com que manter-me com alguma decência, anoiteci o dia 24 de abril pedindo por esmola uma calça para vestir e um chapéu para amparar-me a cabeça dos raios do sol; neste estado de miséria vim-me arrastando até este ponto (Santana de Paranaiba) onde declarei ao sr. delegado de polícia a minha chegada que foi a 18 de maio, e apresentei-me a ele declarando ser daquele dia em diante um soldado voluntário da pátria, e protesto haver todos os meus prejuízos, e se eu sucumbir na luta ficará o direito para o meu sócio Sr. D. Manoel Cabaça, de Corumbá para fazer as necessárias reclamações. - Francisco Carvalhaes Silveira - Vila de Santana de Paranaíba, 27 de maio de 1865.


FONTE: ¹Ronan Garcia da Silveira, História de Coxim, Prefeitura Municipal, Coxim, 1995, página 30. ²Taunay, Marcha das forças, Companhia Melhoramentos de São Paulo, São Paulo, 1928, página 142. ³Correio Mercantil (RJ) 31 de julho de 1865.



quarta-feira, 21 de abril de 2021

Morre Manoel Murtinho, ex-governador e ministro do STF





Faleceu em 22 de abril de 1917, aos 69 anos, o primeiro presidente eleito de Mato Grosso, no período republicano. Natural de Cuiabá, formado em direito pela faculdade de São Paulo, em seu Estado, passou a exercer a magistratura, começando como juiz municipal de Poconé e passando para Cáceres. Em seguida é removido para Cuiabá, onde exerceu também o cargo de juiz federal no Estado.
 
Na política, com a proclamação da República é nomeado primeiro vice-presidente no governo provisório de Antônio Maria Coelho. Eleito deputado estadual, alia-se a Generoso Ponce e chega ao governo do Estado. Aposentou-se como ministro do Supremo Tribunal Federal. Irmão do todo poderoso ministro Joaquim Murtinho, com ele fundou o Banco Rio e Mato Grosso, com sede em Porto Murtinho, que assumiu o controle acionário da Companhia Matte Larangeira.




FONTE: Estevão de Mendonça, Datas Matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 196; Jornal O Paiz, Rio de Janeiro, 23 de abril de 1917.



terça-feira, 20 de abril de 2021

Guerra do Paraguai: brasileiros ocupam fazenda Machorra, em Bela Vista

 







Na guerra do Paraguai, a força expedicionária brasileira, em ação no Sul de Mato Grosso, em 20 de abril de 1867, toma ao exército inimigo e saqueia a sede da fazenda Machorra, de propriedade do marechal Lopez, localizada em território brasileiro, mais precisamente às margens do córrego José Carlos, afluente do rio Apa.

O relato de Taunay fecha do capítulo VII de sua Retirada da Laguna:

Uma linha de paraguaios, assaz extensa, fazia frente ao ataque, ao passo que grande número dos seus se encarniçava, com uma espécie de furor, em destruir a fazenda, incendiando quanto parecia poder arder. Ocupava-se nosso comandante da vanguarda em examinar uma ponte que cumpria atravessássemos para envolver o inimigo. Foi então que o tenente-coronel Juvêncio lhe comunicou a ordem de estacar. Não permitiam as circunstâncias, porém, que a ela antecedêssemos. Concordaram os oficiais na imprescindível necessidade de se ocupar a posição, custasse o que custasse.

Imediatamente a nossa linha de atiradores atirou-se a correr para a frente oposta, e pela própria ponte, porfiando todos em ardor.

Recuaram os paraguaios mas em boa ordem. Tinham ordens, certamente, para não empenhar combate, mas somente reunir e tanger à retaguarda, cavalos e bois que não queriam deixar-nos; e deviam se numerosos, tanto quanto nos permitia avaliar a poeira que sua marcha ocasionava.

Foi o recinto ocupado: o tenente-coronel Eneias, ali, deu imediatamente nova formatura ao seu batalhão e o manteve numa série de posições que lhe valeu, posteriormente, não só a aprovação do Coronel como gerais parabéns. Foram os nossos os primeiros recebidos. Aplaudiram todos o espírito de disciplina de seus subordinados e o afã com que, logo à primeira voz, começaram a desentulhar o terreiro de objetos que o atravancavam, sem coisa alguma subtrair, assim como de quanto estava no interior da casa.

Autorizado pelas regras de guerra, permitiu-se o saque, também descrito com naturalidade por Taunay:

Vislumbrava-se um resto de crepúsculo, ainda quando o grosso da coluna chegou. Foi este o momento do atropelo e da balbúrdia: tantos objetos se avistaram sem dono, misturados e fadados à destruição. Cada qual tomou o seu quinhão, sendo exatamente os mesmos beneficiados aqueles que à presa mais tinham direito, pois o haviam comprado e adiantado por uma série de meses de privações e fome.

Das oito ou dez casas da Machorra, duas estavam reduzidas a cinzas que os próprios paraguaios lhes haviam posto. Foram as outras preservadas pelos nossos soldados. Alguns pedaços do madeiramento, alguns mourões abrasados serviam para cozinhar as batatas, a mandioca e as aves do inimigo. A Machorra, denominada fazenda do marechal Lopez, não passava realmente de terra usurpada, cultivada por ordem sua, além da fronteira.

O trabalho dos invasores, frutuoso como fora, vinha acrescer ao banquete a satisfação de um sentimento de reivindicação nacional. Autorizou-o o Coronel com um ar prazenteiro que jamais até então lhe percebêramos".

A invasão do Paraguai dar-se-ia no dia seguinte com tomada de Bela Vista


FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna, (14ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1942, página 56.

FOTO: O Globo. Meramente ilustrativa.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Inaugurada a estação ferroviária de Ponta Porã

 





É oficialmente inaugurado em 19 de abril de 1953, o ramal da Estrada de Ferro Noroeste ligando Campo Grande a Ponta Porã. "Com a chegada dos trilhos - relembra Pedro Ângelo da Rosa- começaram a chegar as levas de agricultores procedentes dos Estados do Norte do país, que se dirigiram, na quase totalidade, ao município de Dourados, dedicando-se ao trabalho nas colônias ali existentes, razão pela qual aquele município se tornou em breve tempo um dos mais ricos e populosos do Sul de Mato Grosso, nos dias de hoje".

O ramal que saia da estação Indubrasil em Campo Grande chegou a Maracaju em 1944 e a Itahum (município de Dourados) em 1949. Foi desativado em 1996 com a privatização da Rede Ferroviária Federal.


FONTE: Pedro Ângelo da Rosa, Resenha Histórica de Mato Grosso (Fronteira com o Paraguai), Livraria Ruy Barbosa, Campo Grande,1962, página 90. 
FOTO: Li Ribeiro

sábado, 17 de abril de 2021

Guerra do Paraguai: vanguarda das forças de Camisão chega à fronteira

 





Primeiro destacamento da força expedicionária brasileira de combatentes ao exército paraguaio, alcança, finalmente, a fronteira Brasil-Paraguai de onde começaria a trágica retirada da Laguna. O momento é descrito por Taunay:

Quem comandava este destacamento era um capitão da guarda nacional do Rio Grande do Sul, Delfino Rodrigues de Almeida, mais conhecido pelo apelido paterno de Pisaflores, homem enérgico a cuja bravura todos prestávamos homenagem. Vimo-lo olhar fixamente para o oeste; de repente, partido de diferentes pontos reboou um grito: A fronteira! Da elevação onde se achava o destacamento avistava-se com efeito a mata sombria do Apa, limite das duas nações.

Momento solene este, em que entre oficiais e soldados não houve quem pudesse conter a comoção! O aspecto da fronteira que demandávamos a todos surpreendeu. É que realmente era novo. Podiam alguns já tê-la visto, mas com olhos do caçador ou do campeiro, indiferentes. A maior parte dos nossos dela só haviam ouvido vagamente falar; e agora ali estava à nossa frente como ponto de encontro das duas nações armadas, e como campo de batalha.


FONTE: Taunay, A Retirada da Laguna (16ª edição brasileira), Edições Melhoramentos, São Paulo, 1963, página 51.

FOTO: imagem meramente ilustrativa.



Experimente a tv dos internautas. Clique aqui e curta. 24 horas no ar com programa exclusiva e gratuita. Não precisa fazer cadastro.

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Combatentes de Laguna deixam o Rio rumo à fronteira

 


                      Taunay, da comissão de engenharia e escriba da expedição


O coronel Manuel Pedro Drago, nomeado presidente da província de Mato Grosso e seus auxiliares e a comissão de engenheiros da força expedicionária destinada a combater os invasores do Paraguai no Sul de Mato Grosso, deixam o Rio. Taunay, que protagonizaria o episódio da retirada da Laguna, como principal escrivão da expedição, inicia seu diário da guerra:

A 1º de abril de 1865 e às 2 horas da tarde, saiu da Corte, no vapor Santa Maria a comissão de engenheiros, bem como o presidente nomeado para a província de Mato Grosso, seus ajudantes de ordens e mais comitiva. Por ocasião da partida do Rio de Janeiro, compunha-se a comissão dos seguintes oficiais:

Tenente-coronel graduado do corpo do estado-maior de primeira classe, José de Miranda da Silva Reis, chefe.

Capitão do estado-maior de primeira classe, Antonio Florêncio Pereira do Lago, ajudante.

Primeiros-tenentes de engenheiros, José Eduardo Barbosa e Joaquim José Pinto Chichorro da Gama, idem.

Tenente do estado-maior de primeira classe, capitão Augusto dos Santos Rôxo, idem.

Segundo-tenente de engenheiros, João da Rocha Fragoso, idem.

Segundo-tenente de artilharia, Alfredo d'Escragnolle Taunay, idem.

Levava seis caixões de instrumentos para trabalhos de campanha, e grande material de pás, picaretas e alviões.


FONTE: Taunay, Marcha das forças, Companhia Melhoramentos de São Paulo, São Paulo, 1928, página 7.

Nenhum comentário: