segunda-feira, 9 de maio de 2022

Começa a circular o primeiro trem do Pantanal



Sai de Porto Esperança, então ponto terminal da Estrada de Ferro Noroeste, em 9 de maio de 1909, a primeira locomotiva a serviço da ferrovia. A alvissareira notícia é dada pelo Correio do Estado (de Corumbá) em sua primeira edição:



FONTECorreio do Estado (Corumbá) 12 de maio de 1909.



domingo, 8 de maio de 2022

GUERRA DO PARAGUAI! Começa a retirada da Laguna





A retirada da Laguna, composição de Álvaro Marins


Encurralado e fustigado pela forte cavalaria inimiga, com insuficiência de munição, falta de víveres e tendo como justificativa, retroceder à fronteira para "aguardar algumas probabilidades de nos abastecer e gozar de pequeno repouso", a força brasileira de ocupação ao norte do Paraguai, inicia em 8 de maio de 1867, a célebre retirada da fazenda Laguna, ocupada em 6 de maio. O episódio foi descrito pelo tenente Taunay, escriba da expedição e seu mais ilustrado protagonista:

Quando no dia seguinte, o sol se levantou (era um dia dos mais serenos) já estávamos em ordem de marcha com as mulas carregadas, os bois de carro nas cangas e tudo quanto restava do gado encostado ao flanco dos batalhões, de modo a seguir todos os movimentos da coluna.


Às sete da manhã, o corpo de caçadores desmontados, a quem competia o turno da vanguarda, abriu a marcha, tendo a seguir bagagens e carretas, circunstância que nos impediu de transpor facilmente um riacho avolumado pelas chuvas dos dias antecedentes. (...)


Avançávamos em boa ordem quando subitamente viva fuzilaria se fez ouvir: era a nossa vanguarda que renteando um capão de mato fora atacada por uma partida de infantaria, ali emboscada. Tinham algumas balas vindo cair por cima das fileiras num grupo de mulheres que marchavam tranquilamente ao lado dos soldados; tal algazarra provocaram que não sabíamos o que poderia ter sucedido. Pouco durou este terrível tumulto; investindo resolutamente com o inimigo, nossa gente o desalojou impelindo-o até o primeiro declive do planalto, onde estava a fazenda da Laguna. Mas ali formaram-se os paraguaios, novamente resistindo algum tempo, achegando-se logo depois, passo a passo, dos cavalos; afinal enquanto alguns, já montados, disparavam a todo dar de réguas, outros fingiam resistir para proteger os camaradas que fugiam a bom fugir, inteiramente derrotados.


Os combates duraram praticamente o dia inteiro, com baixas nos dois lados, conseguindo as tropas de Camisão mover-se penosamente até às margens do Apa-Mi, onde acamparam ao entardecer:


Caíra a noite, profundamente escura. Estávamos estrompados de cansaço, a vista escura e o espírito abalado por tantas e tão variadas impressões cujas imagens acabavam por se confundir. Não houve quem armasse tenda ou barraca. Dormimos em grupos, formados quase ao acaso, de três, quatro ou mais, conchegados uns aos outros, cobertos em comum por capotes, ponchos, mantas, com quanto encontráramos; cada qual com o fuzil, o revólver ou a espada ao alcance da mão e o chapéu desabado sobre os olhos, para se resguardar do orvalho, tão copioso que tudo encharcava.




FONTE: Taunay, A retirada da Laguna, Edições Melhoramentos, São Paulo, 1942, página 71.




 

quarta-feira, 4 de maio de 2022

HISTÓRIA! Inaugurada mesa de rendas da Porto Murtinho

 






Em ato solene  realizado em 4 de maio de 1898,é inaugurada a mesa de Rendas de Porto Murtinho, em prédio doado à União pelo Banco Rio e Mato Grosso, novo proprietário da Companhia Mate Larangeira, controlado pelos irmãos Murtinho. Presentes o superintendente do banco, José Leite Pereira Gomes e o inspetor da Alfândega de Corumbá, capitão Antônio Correa da Silva Pereira. O primeiro escriturário da nova repartição foi Eugênio Nunes de Arruda. 



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, 2a. edição, Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1972, página 218.

FOTO: extraída do Album Graphico de Matto-Grosso (1914).


terça-feira, 3 de maio de 2022

HISTORIA! Anunciada a divisão de Mato Grosso

 

 




Em nota oficial divulgada em 3 de maio de 1977, pelo rádio e pela televisão, o presidente Geisel anunciou a divisão do Estado de Mato Grosso, com a criação de um novo Estado, denominado Campo Grande. A nota da Presidência da República na íntegra:

"O Poder Executivo, após demorado estudo da questão, concluiu pela conveniência de criar um novo Estado na região Sul de Mato Grosso.

Hoje o Presidente da República comunicou ao governador do Estado de Mato Grosso essa conclusão e determinou que se constitua, no Ministério da Justiça, um grupo interministerial para preparar o projeto de lei complementar a ser submetido à alta consideração do Congresso Nacional.

A modernização do quadro político geográfico na fronteira Oeste do Brasil atende aos reclamos do desenvolvimento daquela área, que apresenta reais possibilidades de um grande surto de progresso nos próximos anos, criadas as condições da administração regional que se fazem necessárias. Ambos os Estados, tanto na região do Sul - Campo Grande, como, principalmente do Norte - Mato Grosso - em sua nova expressão territorial receberão da União apoio financeiro, quer na forma de ajuda para despesas iniciais de custeio, quer de investimentos complementares que acelerem a ultrapassagem da presente etapa de desenvolvimento, como é do interesse da região e do Brasil em seu conjunto".


FONTE: J. Barbosa Rodrigues, História de Mato Grosso do Sul, Editora do Escritor, São Paulo, 1985, página 163.

quarta-feira, 13 de abril de 2022

HÁ 99 ANOS! Inaugurada a primeira hidrelétrica de Campo Grande

 






Campo Grande recebe em 13 de abril de 1923 sua primeira hidrelétrica. Trata-se de pequena usina montada no córrego Ceroula a dez quilômetros da sede do município. O ato solene de início de suas atividades contou com a presença de Álvaro de Carvalho e Altino Arantes, por algum tempo responsável pela iluminação da vila.(1)

Poucos dias antes da inauguração, a convite da direção da empresa concessionáriaa reportagem do Jornal do Comércio esteve no canteiro de obras e deu detalhes sobre o relevante investimento:

"Para darmos aos nossos leitores uma boa ideia geral do adiantamento dos importantes serviços que para este fim estão sendo executados pela Companhia Matogrossense de Eletricidade Limitada, aproveitamos a gentileza do convite do ilustrado e competente advogado da companhia, sr. dr.Alindo Lima, para uma visita às grandes obras que estão sendo ultimadas no ribeirão Ceroula.

Assim, às nove horas de quinta-feira última, chegávamos no automóvel da empresa, ao posto em que foram feitos os serviços de barragem, um trabalho sólido e perfeito. Desse posto, percorremos a pé o longo canal que conduz a água da represa à usina, numa extensão aproximada de um quilômetro. Nesse canal fez a empresa construir uma comporta para a descarga da areia acumulada, verdadeira obra de arte, elegante e de custo apreciável. Mais adiante fomos encontrar a caixa d'água que despeja canalizada, de uma altura de 75 metros, a água para a enorme turbina, de força de 400 H.P. Há ainda no trecho compreendido da grande caixa d'água à usina, o plano inclinado mandado construir especialmente para a condução de materiais.

Descemos, por fim ao ribeirão, onde, na sua margem direita, foi construída a usina que está recebendo os últimos retoques. Lá encontramos já assentados todos os aparelhos necessários ao seu funcionamento, como sejam: gerador, turbinas, reguladores automáticos, transformadores monofásicos com capacidade de 100 klw cada um, para 2.300 a 11.000; um grande quadro para transformadores com interruptores para o gerador, quadros de distribuição com interruptores automáticos, voltímetros e demais aparelhos, para-raios, telefone,etc. Vimos ainda uma grande galeria subterrânea para a descarga da água das turbinas.

A empresa não se descuidou da instalação de seus empregados. Para isso ela fez construir três confortáveis casas, de estilo moderno, para os encarregados dos serviços da futura usina.

Só mesmo através de uma visita como fizemos, poder-se-á avaliar o esforço, a capacidade de trabalho e o dispêndio da nossa Companhia de Eletricidade, que, digamos de passagem, não tem medido sacrifícios para levar avante o vultoso empreendimento. Para isso, é verdade, que a companhia conta verdadeiros abnegados como o dr. Arlindo Lima, que vem desenvolvendo a sua conhecida atividade, providenciando tudo quanto necessário à importante obra, e um grupo de dedicados auxiliares como os senhores Constantino Junqueira, gerente, Feliciano Pinheiro e o eletricista-chefe Virgílio Polo, da Companhia Francana.

Podemos assegurar, pelo que nos foi dado ver, que a nossa cidade terá um serviço de luz e força perfeitas, capaz de atender as suas maiores necessidades".(2)

Era prefeito de Campo Grande, o advogado Arlindo de Andrade Gomes. Dados de 1922, estimavam uma população de 8.200 pessoas na sede do município, que contava com 950 casas, sendo mais de 100 casas comerciais, 4 farmácias, 58 automóveis e 325 veículos diversos.(3)

Veja o vídeo com as ruínas da hidrelétrica do Ceroula, produzido em 2011, por grupo de cinegrafistas de Campo Grande.


          


FONTE: (1)Virgílio Correa Filho, Mato GrossoCoeditora Brasílica, Rio, 1939, página 155. (2) Jornal do Comércio, 21 de fevereiro de 1923. (3) Arlindo de Andrade Gomes, O município de Campo Grande, IHGMS, 2004, página 80.

_________________________________________________________________________________


NAO DEIXE DE LER O LIVRO SANGUE NO OESTE, MORTES E CRIMES VIOLENTOS NA HISTORIA DE MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL.  PESQUISAS DO JORNALISTA SERGIO CRUZ. CLIQUE AQUI, CONHEÇA O LIVRO E BAIXE O SEU EXEMPLAR.
_________________________________________________________________

domingo, 10 de abril de 2022

SANGUE NO PANTANAL! Escravos matam fazendeiro e capataz e são condenados à morte

 





Revoltados com o dono e seu capataz, escravos matam os dois, em 16 de fevereiro de 1877, saqueiam a fazenda e fogem. A notícia teve repercussão nacional:

"A 16 do corrente foram assassinados no porto do Chané, a algums léguas desta vila, o fazendeiro Firmiano Firmino Ferreira Cândido e um seu empregado (supomos que administrado) por nome João Pedro.

Segundo vemos de uma carta particular, escrita desse ponto por um genro do primeiro a um dos habitantes desta vila, os homicídios foram perpetrados por escravos do próprio Firmiano, os quais, depois de o assassinarem  e ao referido João Pedro, saquearam da fazenda o que puderam, tendo antes exigido as chaves das canastras existentes em casa, e retiraram-se, montados e bem armados, em número de vinte, inclusive alguns crioulinhos e dois ou três camaradas.

O assassinos, para dificultarem a ação da justiça, levaram consigo todo o armamento e animais que havia na fazenda e inutilizaram a machado três canoas, em que só os podia perseguir.

Logo que se teve aqui notícia de tão tristes acontecimentos, o Sr. Dr. juiz municipal, com alguma força seguiu para o teatro deles, a fim de tomar as devidas providências"¹.

Presos, dois escravos foram condenados à morte, e tiveram a pena capital comutada em galés perpétuas, por decreto do imperador D. Pedro II, de 15 de abril de 1881, nos termos da seguinte comunicação, do governo da província:

"Ao dr. juiz de direito da comarca de Santa Cruz de Corumbá. - Transmito a v. s. para a devida execução, cópia do decreto de 15 de abril último, pelo qual sua majestade o imperador houve por bem comutar em galés perpétuas a pena de morte a que foram condenados por esse juízo, em 29 de março de 1879, os réus escravos José e Benedito por crime de homicídio, mencionados na relação também junta por cópia".² 


FONTE: ¹Gazeta de Notícias (RJ), 1º de março 1878, ²A Província de Matto-Grosso (Cuiabá), 17-07-1881.

FOTO: Fac-simile do jornal Gazeta de Notícias.



_________________________________________________________________________________


ESTE E OUTROS EPISÓDIOS ESTÃO NO LIVRO SANGUE NO OESTE, MORTES E CRIMES VIOLENTOS NA HISTORIA DE MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL.  PESQUISAS DO JORNALISTA SERGIO CRUZ. CLIQUE AQUI, CONHEÇA O LIVRO E BAIXE O SEU EXEMPLAR.
_________________________________________________________________
 

sábado, 9 de abril de 2022

Matheus Coutinho Xavier: morte que abalou o crime organizado







A execução do acadêmico de Direito, Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, em 9 de abril de 2019, foi um crime que chocou a sociedade de Mato Grosso do Sul e ocasionou a operação Omertà, do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. O jovem foi morto quando manobrava o veículo do pai na garagem de casa, no jardim Bela Vista, em Campo Grande. Matheus foi assassinado com tiros de fuzil AK-47.

O alvo do assassinato era o pai dele, o capitão da reserva da PM, Paulo Roberto Xavier e, em menos de dois anos, a força tarefa de investigação, havia formulado a denúncia contra os suspeitos, acusando  Jamil Name e seu filho Jamil Name Filho, como mandantes e os ex-guardas municipais José Moreira Freires, o Zezinho e Juanil Miranda Lima. Foram indiciados como integrantes da quadrilha, o policial civil aposentado Valdenilson Daniel Olmedo, apontado como um dos gerentes do grupo, o ex-guarda civil Mercelo Rios e de Eurico dos Santos Mota, hacker contratado para monitorar o capitão Xavier.

Antes mesmo da formalização da denúncia, a 26 de novembro, o juiz da 2a. Vara Criminal de Campo Grande, já havia decretado a prisão preventiva dos sete por esse homicídio.

A investigação evoluiu para a descoberta de uma milícia, ligada ao jogo-do-bicho e ao crime de pistolagem, supostamente envolvida na execução de mais dois homicídios em Campo Grande.

Jamil e Jamil Filho foram mandados para o presídio federal de Mossoró,  no Rio Grande do Norte. Antes de ser julgado, Jamil Name morreu por complicações da Covid-19, em 27 de junho de 2021, num hospital em Mossoró.


FONTE: G1/MS, 17/12/2019


_________________________________________________________________________________


ESTE E OUTROS EPISÓDIOS ESTÃO NO LIVRO SANGUE NO OESTE, MORTES E CRIMES VIOLENTOS NA HISTORIA DE MATO GROSSO E MATO GROSSO DO SUL.  PESQUISAS DO JORNALISTA SERGIO CRUZ. CLIQUE AQUI, CONHEÇA O LIVRO E BAIXE O SEU EXEMPLAR.
_________________________________________________________________