quinta-feira, 31 de março de 2022

HISTORIA! Mato Grosso apoia golpe militar








Forças armadas derrubam em 31 de março de 1964, o governo constitucional no Brasil e iniciam o mais longo período de ditadura no país. O governador de Mato Grosso, Fernando Correa da Costa, foi um dos primeiros a apoiar o golpe. De Cuiabá seguiram tropas sob o comando do coronel Meira Matos (foto), para incorporar às forças rebeladas do general Mourão Filho, que se dirigiam de Juiz de Fora (MG) para o Rio de Janeiro. 

No Sul de Mato Grosso houve a imediata adesão da 9a. Região Militar e foi grande a perturbação com a prisão de comunistas, petebistas, sindicalistas e oposicionistas em geral em todas as cidades. 

Em Campo Grande, a repressão contou ainda com o apoio civil da Ademat, Ação Democrática Matogrossense, associação de extrema direita, composta entre outros por Cláudio Fragelli, Agostinho Bacha, Rodolfo Andrade Pinho, Alcindo de Figueiredo, Vicente Oliva, Oswaldo Bucker, Italívio Coelho, Assis Brasil Correa, Ludio Coelho, João Rocha, Roberto Spengler, Cândido Rondon, Arlindo Sampaio Jorge, Anísio de Barros, Irmão Bello, Daniel Reis, Ladislau Marcondes, Cícero de Castro Faria, Munier Bacha, Antonio Lopes Lins, Amando Barbosa, Annes Salin Saad, José Ferreira, Geraldo Correa, Eduardo Metello, José Cândido de Paula e Cel. Câmara Sena. 




FONTE: REVISTA BRASIL-OESTE nº 92, página 45.

domingo, 27 de março de 2022

HISTORIA: Quatro condenados à morte são enforcados em Cuiabá

 




Grande juri realizado em Cuiabá, condenou vários presos da sede do distrito e adjacências, sendo quatro condenados à pena de morte, em 18 de maio de 1800. A história confirma:

Porque os assassínios e roubos eram frequentes nesta vila como nos seus contornos Sua Excelência fazer processar os réus que se achavam presos por semelhantes delitos. Para este fim convocou-se junta de justiça; foram deputados, relator o doutor desembargador ouvidor geral da comarca Francisco Lopes Ribeiro inquiziam Francisco Lopes de Souza Ribeiro de Faria e Lemos: juízes adjuntos o doutor Juiz de Fora desta vila, Joaquim Inácio Ferreira da Mota, o doutor secretário do Governo Joaquim José Cavalcante de Albuquerque Lins; o Doutor João Batista Duarte juiz de fora que tinha sido desta vila. O capitão Joaquim da Costa Siqueira, vereador mais velho atual da câmara; e Manoel Leite Penteado que já havia sido deputado adjunto na junta de Vila Bela, enfim em vinte e dois de maio sentenciados vários réus a açoites, degredo e pena última, a qual se executou em quatro réus, a saber: dois pilotos do caminho de povoado inquam do caminho do rio Domingos Teixeira e José Cardoso que foram assassinos do cirurgião Francisco de Paula de Azevedo João Rodrigues/ por alcunha o Surdo/ que assassinou a José Barbosa de Lima no sítio do Quilombo, e ultimamente um preto escravo de Manoel Nunes Martins por assassínio de uma preta no arraial de São Pedro d'el Rei.

Em 28 do mesmo mês se deu a execução de pena última aos sobreditos quatro réus, que padeceram em uma forca ereta para este fim no largo de entrada desta vila e caminho do porto geral, sendo depois decapitados enviadas as cabeças aos sítios de seus delitos. Foi admirável a caridade do Mt° R.° vigário e mais sacerdotes desta vila na contínua assistência que fizeram a estes miseráveis quando se achavam no oratório, e ainda no ato da execução pois acompanhados da Irmandade das Almas/ que nesta Vª faz as vezes de Misericórdia/ assistiram e confortaram aos réus até o último instante deixando edificado o inumerável povo que acudiu a ver a execução. Esta é a segunda vez que o Cuiabá viu semelhante espetáculo como consta da memória geral deste mesmo livro a folha 13.

FONTE: Annaes da Câmara do Senado de Cuiabá (1800).

FOTO: meramente ilustrativa

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sexta-feira, 25 de março de 2022

HÁ 150 ANOS! Governo liberta escravos em Cuiabá







Para comemorar o aniversário do juramento da constituição do Império, o presidente da província, Francisco José Cardoso Júnior, liberta 62 escravos da nação. "O ato foi cercado de grande solenidade e teve lugar no salão nobre do palácio do governo, perante numerosos expectadores e autoridades civis e militares, honrando-o com sua presença o virtuoso bispo d. José Antônio dos Reis".

A notícia foi destaque no jornal A Situação:

Depois do cortejo, no dia 25 de março, e na presença de numeroso auditório, o exmo. sr. Dr. Cardoso Júnior, num eloquente discurso, declarou que ia fazer entrega das cartas de liberdade a todos os escravos do estado existentes na província, em número de 62, - que presentes se achavam -de conformidade com o que dispusera a lei n° 2040, de 28 de setembro do ano p. passado.

S.Exa. convidou o reverendo bispo desta diocese para encarregar-se de conferir, por suas mãos, o título de emancipação a cada uma daquelas criaturas prestes a abrirem os olhos à luz da liberdade. S. Exa. Rvma., depois de alguma hesitação, visto como entendia que a transmissão das cartas competia à primeira autoridade civil e militar da província, acedeu aos desejos manifestados pela presidência - e, lágrimas nos olhos, deu a cada um dos escravos o diploma que os vai introduzir na comunhão social. O ato foi tocante. Os libertos recebendo a carta, beijavam o anel do pastor, e faziam una genuflexão ao retrato do primeiro emancipador da América do Sul - S. M. o senhor D. Pedro II.

Divisam-se em muitos olhos lágrimas, dessas que o coração leva à superfície e que obedecem ou acompanham aos profundos abalos de sentimentos nobres e generosos.

Já não se dirá que o Brasil, isto é, que a Nação, possui um só escravo. Não, perante suas leis, todos são livres - todos são iguais, havendo apenas uma só distinção, a da virtude e da ilustração.

A época que corre é memorável pelos grandes cometimentos, pelas boas reformas, pelos incontestáveis melhoramentos - que, das regiões da ideia, passarão para a dos fatos consumados.



FONTE: Estevão de Mendonça, Datas matogrossenses, (2a edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 149.
FOTO: Reprodução da Internet (meramente ilustrativa)


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quinta-feira, 24 de março de 2022

HISTORIA! Anunciada a construção da estrada de ferro São Paulo - Mato Grosso



Em telegrama encaminhado ao governador Generoso Ponce, em 24 de março de 1908,o presidente da República, Afonso Pena, comunica a aprovação do projeto da estrada de ferro entre Itapura e Corumbá. A notícia é recebida com regozijo pelo governador e destaque da imprensa:

 

FONTE: Autonomista (Corumbá), em 11 de abril de 1908.


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quarta-feira, 23 de março de 2022

HISTORIA: Rondon descobre o Pantanal do Desengano

 





Em sua exploração ao Pantanal sul-matogrossense Rondon inicia, finalmente, em 23 de março de 1905, o reconhecimento do grande pantanal do Desengano entre os rios Negro e Aquidauana. Os detalhes estão no diário do sertanista:

"Cedo largamos as chalanas na direção E.S.E. Qualquer rumo seria possível naquele pantanal - vastíssimo, coalhado de capões de mato alto de bacuris e buritis, a se estender por todo o vão entre o rio Negro e o Aquidauana que o alimenta no tempo das águas. Quando cessam as chuvas, toma a parte central do pantanal o aspecto de grande brejo, porque lhe fica apenas o fundo lodoso - alimenta-o, então, o rio Negro. Não dá entrada, nessa época, nem mesmo as canoas, e nem se pode atravessar a cavalo, porque é atoladiço. É a região dos buritizais que os caçadores de penas de garças, vindos do rio Aquidauana, avistam de longe e que denominam Brejão dos Buritizais, supondo ser aí a origem do rio Vermelho. Os que penetram pelo rio Abobral dão também notícia do Brejão. Nele não penetram, nem uns nem outros, uma vez que os canais dos rios Vermelho e Abobral desaparecem, para dar lugar ao referido brejo, talvez navegável de dezembro a abril. Naveguei cerca de três léguas, na direção E.S.E., parando em outro capão, dei volta para N.N.O., percorrendo os grandes buritizais. Verifiquei saída d'água para o Sul e para o Poente. Vimos nessas vazantes piraputangas, - o que indica comunicação com o Paraguai. As águas que se dirigem para o Sul são as que, canalizadas mais abaixo dão lugar ao suposto rio Vermelho, uma das bocas por onde saem as águas do rio Negro. As que vão para o Poente se canalizam, igualmente mais abaixo, o também suposto rio Abobral. Depois do almoço, à margem esquerda da vazante que corre para o Poente, penetramos no grande pantanal do Desengano, onde desapareceu o braço do rio Negro, por onde navegamos as duas vezes. Chegamos ao acampamento da baia do Amparo, depois de atravessar o pantanal do Desengano, cerca de meia légua abaixo do ponto em que o rio se sumiu definitivamente. Verifiquei, pois, que ele não se canalizou abaixo, como eu supusera. Suas águas se espalharam na grande bacia, para se canalizarem, certamente em outro rumo." 



FONTE: Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio de Janeiro, página 183.

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segunda-feira, 21 de março de 2022

HISTORIA! Assassinado o professor Henrique Spengler







Encontrado morto em casa, em Coxim, em 21 de março de 2003, vítima de agressão física, Henrique Spengler. 45 anos, nascido em Campo Grande, filho de José Roberto Spengler e Glorieta de Melo Spengler. Notabilizou-se como pesquisador das manifestações culturais indígenas e nativistas, dedicando-se, particularmente à nação Guaicuru. Foi ativista e um dos fundadores Movimento Cultural Guaicuru. Artista plástico, segundo Maria da Gloria Sá Rosa, Spengler "ao pesquisar a abstração dos padrões de desenho de couros, cerâmicas e tatuagem dos Cadiuéu, absorveu a essência das etnias regionais, projetando-a de maneira singular na linguagem das linhas e da forma".

Professor, dedicou-se à disciplina História Regional que o interessava particularmente, havendo influenciado na inclusão da matéria no currículo escolar do Estado. Intelectual  participou ativamente de todos os projetos de identidade cultural de Mato Grosso do Sul, a partir da criação do Estado. Em 2004, o cineasta Alexandre Basso realizou em sua homenagem o documentário Guerreiro da Paz

Segundo a jornalista Marília de Castro, que escreveu sobre ele, o "acervo de bens materiais de Spengler encontra-se reunido em Coxim, no Memorial Henrique de Melo Spengler, sob a responsabilidade da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Seus bens imateriais, tão numerosos quanto preciosos, servem, por sua vez, de estímulo para todos aqueles que tiveram o privilégio de desfrutar de  sua amizade ou de ter desenvolvido alguma ação sob sua liderança e inspiração".

Antes de sua morte trágica e covarde, Spengler exercia uma função pública em Coxim, ligada à área da cultura e teve como tarefa bem sucedida o incremento do Carnaval na região, com a criação da Chancelaria do Momo, um evento em que comunidades dos diferentes bairros, cada uma com sua identidade, se fantasiavam, cada qual com sua cor, e se encontravam durante as noites no ponto principal da cidade, a praça central.


FONTE: Marília de Castro, Henrique Spengler um guerreiro das artes plásticas em sintonia com seu tempo e as raízes de sua terra, in Série Campo Grande Personalidades, ano VIII, Fundação Municipal de Cultura, Campo Grande, 2006, página 90.

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sábado, 19 de março de 2022

HÁ 250 ANOS! Fundada a primeira capital de Mato Grosso





Às margens do rio Guaporé é lido em 19 de março de 1772, o alvará do rei de Portugal, mandando ao primeiro governador da capitania de Mato Grosso e Cuiabá, Rolim de Moura, erigir uma vila para instalação da capital. "E logo pelo dito Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Governador e Capitão Geral foi declarado que a dita nova vila teria o nome de Vila Bela da Santíssima Trindade a quem dedicaria a Igreja Matriz dela; que em reverência da mesma trindade santíssima simbolicamente teria por armas em meio de um escudo branco com dois círculos, um encarnado e outro azul, uma ave com corpo e cabeça do meio de águia, a do lado esquerdo de pomba e a do lado direito de pelicano ferindo o peito; e que estas mesmas armas poria a Câmara no seu estandarte por detrás das armas reais, enquanto sua majestade não mandasse o contrário". 

Somente em 8 de agosto de 1835, a capital seria oficialmente mudada para Cuiabá, a primeira cidade do Estado.


FONTE: Virgílio Correa Filho, História de Mato Grosso, Fundação Julio Campos, Varzea Grande, 1994, página 357.

FOTORuínas de Vila Bela da Santíssima Trindade.


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domingo, 13 de março de 2022

HISTORIA! Morre o criador da Cidade Dom Bosco



Aos 93 anos, morre em 13 de março de 2013 o padre Ernesto Sassida, fundador da Cidade Dom Bosco, em Corumbá. Natural da Itália, ainda jovem, chegou a Cuiabá, para completar seus estudos. Em 1940, mudou-se para Corumbá, como professor do Colégio Santa Teresa.

"Nesse período - constata Valmir Batista Corrêa - extrapolando os muros da escola, interagiu, através através da organização de atividades esportivas e festas religiosas, com a população pobre da periferia da cidade, marcadamente na região fronteiriça com a Bolívia. Mais tarde, em 1950, instalou-se de forma definitiva em Corumbá, como sacerdote e professor, fundando a União dos Ex-Alunos Salesianos de Dom Bosco. A partir de então, participou de várias atividades de organização comunitária, como escolas, organizações solidárias de jovens carentes, entidades femininas, centro esportivo, entre outros".

Seu grande legado foi, entretanto, a Cidade Dom Bosco, cujo início deu-se, ainda segundo Valmir Batista Corrêa, no início da década de 50, do século passado:

...o padre Sassida fez um amplo levantamento da população e de suas miseráveis moradias na região da Cidade Jardim (onde hoje se localiza o Bairro Dom Bosco), contatando a necessidade de uma escola com funções educacional e assistencial. Em abril de 1961 implantou a escola num barracão cedido por uma moradora, constituindo-se na gênese da Cidade Dom Bosco que, sete anos depois, se transformou em ginásio estadual. Por essa época, carentes de recursos para atender a dimensão educacional e social do seu empreendimento, Sassida empreendeu um arrojado projeto no exterior chamado "Adoção à Distância". Significava convencer pessoas no exterior para "adotar" um estudante carente com uma bolsa que suprisse sua sustentação ma escola, incluindo roupas e alimentos. Hoje a Cidade Dom Bosco está consolidada, com inúmeras atividades sociais, como um dos patrimônios mais significativos de Corumbá.


FONTE: CORRÊA, Valmir Batista, (artigo) Cidade das Crianças de Corumbá, Correio do Estado (Campo Grande), 11/12 de dezembro de 2021.

FOTO: Diario Online, Corumbá


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sábado, 12 de março de 2022

HISTORIA! 17 mortos são atirados às piranhas no Pantanal






A polícia do coronel Totó Paes, que aliado aos irmãos Murtinho, expulsou o senador Generoso Ponce, do Estado, cerca, em 4 de novembro de 1901, a fazenda Conceição, do primeiro-vice-presidente João Paes de Barros, que acabava de romper com o governo, e prende um grupo de oposicionistas refugiados naquele estabelecimento rural, vizinho da usina Itaicy, de Totó Paes, prende a todos, exceto o vice-presidente que é obrigado a assinar a carta de renúncia, seleciona um grupo que é levado a Cuiabá e separa dezessete que são executados e atirados no lugar conhecido por baia do Garcêz, no distrito Santo Antonio Rio Abaixo, atual Santo Antonio do Leverger. 

O episódio, que se transformou no discurso da oposição, estigmatizou o período Totó Paes, encerrado com a sua morte em 1906. O fato, de repercussão nacional, foi relatado pelo coronel João Paes de Barros, proprietário da usina onde as vítimas foram aprisionadas:

Feita a seleção dos que deveriam ir por terra a Cuiabá, soube que foram todos amarrados de braços para trás pela escolta que os conduzia, seguindo assim a pé até o lugar denominado "Potreiro", onde, junto a uma baia, conhecida pelo nome de "Garcêz", foram um a um fuzilados, saqueados e os cadáveres com os ventres partidos em cruz para não boiarem, lançados na água à voracidade das piranhas, ficando aí postada uma guarda até que desaparecessem.

Da usina foram ouvidos os tiros, pois, em linha reta, é pequena a distância àquela baia, a qual posto que situada na mesma margem em que está a usina, fica-lhe em frente, pela grande curva que forma ali o rio Cuiabá.

Antes da partida da escolta, Eugênio Vital que tinha hábito de andar grande distância a pé, pediu que lhe permitissem seguir a viagem a cavalo, embora preso e devidamente seguro; a esta súplica foi-lhe respondido;- "que não era muito longa a distância a caminhar, que logo chegariam ao fim". E assim foi.

Ao cair da noite parte da escolta, que seguira com os presos por terra, regressara à usina, narrando sem reservas os horrorosos detalhes da carnificina havida na baia dos Garcêz.

Autor da época realça o episódio com assombrosa dramaticidade:

Cardumes de piranhas ferozes, na sua fúria carnívora, se incumbirão de raspar ou últimos vestígios daqueles corpos  - não ficará provas da façanha.

Assim pensam os autores do horripilante morticínio. O bem estudado dos detalhes macabros, entremostra a premeditação dos mandantes. Mas a natureza, obediente a Deus, abre no ano seguinte uma exceção: em 1902 a baia do Garcêz secou.

E dezessete ossadas humanas, alvas sob o sol adusto, atestavam ali o crime inominável.



FONTE: Generoso Ponce Filho, Generoso Ponce um chefe, Pongetti, Rio de Janeiro, 1952, página 311.

FOTO: Album Graphico de Mato Grosso, Corumbá, 1914, página 281

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HISTORIA! Câmara cassa mandato do prefeito




Após dez horas de julgamento, o prefeito Alcides Bernal foi cassado pela        Câmara Municipal de Campo Grande na noite de 12 de março de 2014.. Ele foi  condenado nas nove denúncias, em todas elas com 23 votos favoráveis à perda  do mandato, por conta de irregularidades em contratos firmados com as  empresas  Salute, Mega Serv e Jagás. 

A Sessão de Julgamento que culminou na cassação do primeiro prefeito na história de Campo Grande começou por volta das 14h20, com a leitura da denúncia feita pelos empresários Luiz Pedro Guimarães e Raimundo Nonato. Por volta das 16h30, Bernal chegou à Câmara Municipal entre vaias e aplausos.

Em seguida, foi lida a defesa escrita apresentada pelo denunciado. Ao todo, nove vereadores utilizaram seus 15 minutos na Tribuna, após a leitura e, depois disso, Jesus de Oliveira Sobrinho, advogado de Bernal, e o próprio denunciado apresentaram suas alegações.

Votaram a favor da cassação os vereadores Vanderlei Cabeludo (PMDB), Carla Stephanini (PMDB), Edil Albuquerque (PMDB), Mario Cesar (PMDB), Paulo Siufi (PMDB), Coringa (PSD), Chiquinho Telles (PSD), Delei Pinheiro (PSD), Flávio César (PTdoB), Eduardo Romero (PTdoB), Otávio Trad (PTdoB), Chocolate (PP), Dr. Jamal (PR), Grazielle Machado (PR), Professor João Rocha (PSDB), Professora Rose (PSDB), Alceu Bueno (PSL), Airton Saraiva (DEM), Gilmar da Cruz (PRB), Carlão (PSB), Juliana Zorzo (PSC), Elizeu Dionizio (SDD) e Engenheiro Edson (PTB) votaram contra. Zeca do PT, Alex do PT, Ayrton Araújo (PT), Cazuza (PP), Paulo Pedra (PDT) e Luiza Ribeiro (PPS) foram contrários.

Em 115 anos de município, Alcides Bernal foi o primeiro prefeito cassado pela câmara municipal em Campo Grande.Bernal foi substituído pelo vice-prefeito Gilmar Olarte, acusado de conspirar contra o mandato do prefeito e, por decisão judicial, retomou o cargo em 25 de agosto de 2015. Em 2016 candidato à reeleição não conseguiu chegar ao segundo turno.


VEJA O ÚLTIMO DISCURSO DO PREFEITO CASSADO 
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sexta-feira, 11 de março de 2022

20 ANOS! O crime que levou o "comendador" Arcanjo para atrás das grades



 O assassinato do jornalista Sávio Brandão





É morte em Cuiabá, em 30 de setembro de 2002, o jornalista e empresário, Domingos Sávio Brandão Lima Júnior (foto), diretor do jornal "Folha do Estado". Foi às 15h15. Dois homens em uma moto se aproximaram do empresário, que estava acompanhado de um amigo em frente à obra da futura sede do jornal Folha do Estado, no Bairro Consil, em Cuiabá. Um deles, na garupa, sacou uma pistola e disparou os tiros à queima roupa.¹ Brandão foi morto com sete tiros de pistola 9 mm. O mandante, condenado pela justiça, foi o então chefe do jogo do bicho em Cuiabá, João Arcanjo Ribeiro

Nos meses que antecederam sua morte, o jornal publicou reportagens sobre o crime organizado e, numa delas, o "comendador"Arcanjo, foi chamado de "Al Capone de Mato Grosso". Brandão foi morto com sete tiros de pistola 9 mm. 

Segundo a polícia, o motivo do assassinato foram as reportagens, onde Arcanjo é acusado de lavar dinheiro (pelo menos US$ 69,8 milhões), de ser o mandante de outros dois assassinatos, de comandar o crime organizado e de sonegar R$ 842 milhões da Receita Federal.²

Segundo o delegado Luciano Inácio da Silva, o assassinato de Brandão foi encomendado por "no mínimo" R$ 38 mil.

O cabo da PM Hércules de Araújo Agostinho, 34, acertou, segundo testes de balística, os tiros no empresário. Ele é acusado de outros cinco assassinatos (dois teriam sido encomendados também por Arcanjo). Preso um dia após a morte de Sávio Brandão, fugiu do presídio Pascoal Ramos, em Cuiabá, no dia 1º de maio passado. Superou cinco portões sem ser incomodado por carcereiros.

Em seu relatório, o delegado afirma que o assassinato de Sávio Brandão envolve, além de Agostinho e Arcanjo, mais três pessoas:

1) o ex-cabo da PM Célio Alves Barbosa, 38, também acusado de ser pistoleiro de Arcanjo, que, segundo o delegado, vigiou os passos de Sávio Brandão para dar informações a Agostinho. 

2) o vigia Fernando Barbosa Belo, que, segundo a polícia, pilotou a moto da qual Agostinho fez disparos.

3) o "cobrador de dívidas" João Leite, que, segundo a polícia, contratou Agostinho a pedido de Arcanjo para matar Sávio Brandão. Leite tinha comprovante de que pagou R$ 38 mil a Barbosa pela morte de Brandão.

Além dos telefonemas para a VIP Factoring, que pertence a Arcanjo, Leite também ia à empresa frequentemente, afirmou o delegado Silva. A polícia também se baseia em depoimento do presidiário Paulo César Mota. Então vizinho das celas de Agostinho e Barbosa, ele diz ter ouvido os dois comentarem que o "comendador" mandou matar Brandão.²

Arcanjo foi condenado, esteve preso por durante 15 anos. Em fevereiro de 2018 conseguiu a progressão da pena do regime fechado para o semiaberto.


FONTE: ¹Sandra Carvalho, Circuito Mato Grosso, Cuiabá, 1°-9-2017, ²Hudson Correa, Folha de S.Paulo (online), 1°.09.2003.

FOTO: Circuito Mato Grosso.

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quarta-feira, 9 de março de 2022

HISTORIA! Getulio Vargas, cabo do Exercito, em Corumbá

 



Cabo Getúlio Vargas, do 25 de Infantaria de Porto Alegre

 

Ante a ameaça de invasão da fronteira por forças bolivianas, tropas do exército brasileiro chegam a Corumbá, sob o comando do general João Cezar Sampaio. em 10 de março 1903. São os batalhões 16, 25 e 29 de Infantaria, de Porto Alegre, que reunidos ao 21 de Infantaria e ao 2º. de artilharia locais, constituem um efetivo de dois mil homens. Integrante do 25 de Porto Alegre, fazia parte das tropas o cabo Getúlio Vargas.¹ A concentração de forças em Corumbá esteve ligada à questão do Acre, permaneceram na cidade até o mês de abril do ano seguinte e enquanto estiveram na cidade exerceram função policial, conforme constata Estêvão de Mendonça:

Nos primeiros dias de sua chegada observam que, durante a noite, a cidade era ponteada por sucessivas detonações, cujos projetis passavam por vezes sobre o hotel Internacional, em que se hospedara. Encontrou por esta forma a exposição do aspecto taciturno das ruas à proporção que a noite avançava. Determinou um patrulhamento rigoroso, sem excessos. Em pouco tempo a cidade oferecia outro aspecto, sendo as principais artérias percorridas por cavalheiros e senhoras durante as primeiras horas da noite.²

Sobre Getúlio Vargas nessa missão, narra-o seu conterrâneo Mário Lima Beck:

Nas fileiras desse batalhão alinhava-se um cabo de esquadra, um moço, baixo, rotundo e risonho, que trinta anos depois seria o chefe discricionário da nação!

Punidos por insubordinação, Getúlio Vargas e outros cadetes são desligados da Escola Militar de Rio Pardo e incorporados ao 25° B.I. Todos são enviados para a "Sibéria canicular do nosso exército" como Euclides da Cunha chamava naquele tempo a Mato Grosso. 

Tropa de elite criou logo grande círculo de simpatias na cidade matogrossense. O cabo Getúlio tornou-se em breve assaz conhecido. Embora aparentemente quietarrão e frio, sabia cativar pela educação gentil e maneirosa. As vezes parecia inacessível e de repente viam-no na maior camaradagem entre os soldados. Simulava imperturbável seriedade e logo participava gostosamente duma pândega. Nunca porém, perdeu compostura e equilíbrio...Hábil dosador de pragmatismo. Fingia, dizem, indiferença às mulheres e elas se interessavam por ele. Contam que uma jovem corumbaense dedicou-lhe acendrada paixão.

Sabia comandar com senso e oportunidade. Em todas as circunstâncias era raciocinador tranquilo. Calculista sistemático em todos os rumos de sua conduta. Já naquela época a psicologia do cabo Getúlio Vargas, exibia matizes curiosos, que intrigariam a um Lazurski e outros estudiosos da individualidade humana. Em setembro do mesmo ano, promovido a sargento, Getúlio regressa a Porto Alegre. 
 

FONTE: ¹Esther de Viveiros, Rondon conta sua vida, Cooperativa Cultural dos Esperantistas, Rio, 1969, página 169, ²Estêvão de Mendonça, Datas Matogrossenses, (2a. edição) Governo de Mato Grosso, Cuiabá, 1973, página 123 e Mario Lima Beck, Nova Querência, Livraria Selbach, Porto Alegre, 1935, página 53.


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